Teve ensaio, rascunho, medo e muito desejo de começar a escrever, mas a gente tem uma mania horrível de querer ser nada menos que perfeito, e aqui pensando nao conheço sentimento mais paralisante e nocivo que a perfeição. Ele aniquila a espontaneidade que, no meu caso me impediu de dar o pontapé de voltar a escrever e que também tenha sido o culpado de me fazer parar de vir aqui.
E por que voltei, acabou o medo de nao ser perfeita? Muito pelo contrário, bati o pé no fundo do poço e vim aqui prá dizer que sinto muito, sinto estar nesse lugar chamado pânico, por ter esgotado todos recursos que possuía e que me mantinham de pé, sinto ter perdido a fé em mim e em tudo que construí, que sinto muito por ter tido vergonha de pedir ajuda quando os primeiros sinais bateram forte e fiz questão de ignorar, mas não sinto muito de dividir essa experiência com voces, porque acredito piamente que alegrias compartilhadas ampliam e dores repartidas, vão perdendo sua potência...
Nessa ultima semana, sinto que morri e ressuscitei diversas vezes, tive odio mortal de mim, pois poxa vida, sei o script todinho do que me corrói e do que me constrói e não consegui simplesmente interpretar o texto. Na verdade, talvez por ter achado que se seguisse um roteiro, as chances de sucesso seriam maiores, é que me dei mal, devia ter improvisado mais e apostado que ali, no incerto, no imperfeito, onde eu posso ser um pouco de tudo, é que me encontro no melhor papel da minha vida!